Mimimi sobre Milho: Wäls HopCorn IPA
Em um post na sua página de facebook, a cervejaria Wals, anunciou que está fazendo uma cerveja com 15% de milho, a HopCorn IPA.
"HopCorn IPA na nossa panela de produção!!!! Com 15% de milho, maltes pilsen, pale ale e caramunich ! Blend de lúpulos Columbus , Amarillo , Cascade e muito Dry Hopping, exagerada dose de Centennial , todos da nossa fazenda (AB Inbev) nos EUA , muito frescos! São 70 IBU's de alta potência aromática, 6,7% ABV e a ousadia de sempre !! Colocaram milho na Wäls e colocaram milho na IPA !! Wäls, Cerveja Arte !!"
Foto:divulgação
.
Mesmo sem ainda estar disponível, esta cerveja certamente vai dar muito o que falar, e aqui ficam os meus pitacos.
Há um mimimi sobre o uso de milho na cerveja que foi muito bem explicado pelo Marcio Beck, no Dois Dedos de Colarinho. Há toda uma crença de que o milho (e outros adjuntos como arroz) seriam um grande vilão no sabor de cervejas, e cervejas artesanais não deveriam utilizá-los, já que comprometeriam o sabor. O milho é muitas vezes utilizado para baratear a produção de cervejas, pois seu custo de produção é bem menor do que cevada ou outros cereais correlatos. Contudo, há um que de mito nisso, conforme explanado pelo Marcio Beck, pois alguns adjuntos (e milho) são amplamente utilizados em cervejas belgas de qualidade, por exemplo.
O verbete sobre milho do Oxford Companion to Beer, um renomado livro/ compêndio cervejeiro, versa que ele é utilizado regularmente em cervejas de massa na proporção de até 20%. No Brasil, adjuntos podem representar até 45% dos ingredientes em uma cerveja.
Contudo, há falta de transparência das indústrias em especificar claramente que o milho é utilizado na fabricação da cerveja, o que gera desconfiança. Geralmente é utilizado o termo genérico cereais não-maltados. Se utilizar milho é tão 'natural', por que não é claramente especificado nos rótulos?
Há um artigo interessante sobre essa questão nos EUA. Clique aqui e veja.
Mas isso não é tudo: uma outra questão pertinente é o uso de milho transgênico sem que essa informação venha estampada nos rótulos. Ou seja, podemos tomar uma bebida com milho geneticamente modificado sem sermos informados corretamente.
Ainda, uma questão que paira no ar é que levaria a Wäls a lançar uma IPA com milho logo em tão pouco tempo após a fusão com a Ambev? Seria apenas uma provocação (apologia?), para comprovar e corroborar o fato de que dá pra fazer cerveja boa (uma IPA!) com milho?
Diante da recente aquisição da Wäls pela Ambev, somos levados a crer que não é uma mera provocação o lançamento dessa IPA com milho. Acredito que tal lançamento vise a tentar desmistificar o uso do milho na cerveja, de fato, mas também é óbvio ululante que a Gigante já está colocando as garrinhas de fora e "interferindo" no processo criativo da Wäls, tentando fazer com que os consumidores de cervejas artesanais aceitem com mais simpatia o uso de milho, mostrando que -talvez- o milho não comprometa o sabor de uma IPA e de quebra economizando uns bons trocados com malte de cevada.
Os 15% de milho que serão utilizados na HopCorn IPA não devem, de fato, comprometer o sabor da cerveja, pois American IPAs geralmente não possuem um corpo robusto, e o milho além de ser mais barato que cevada, geralmente é utilizado para atenuar o corpo (deixar a cerveja mais leve). Ou seja, a HopCorn vai acabar virando uma, licença poética à parte, session IPA(!) de 6,7 % ABV.
Se Ambev/Wäls conseguirá convencer os cervejeiros de que milho é ok, só o tempo dirá. Mas que dá curiosidade de provar essa cerveja, isso dá!
"HopCorn IPA na nossa panela de produção!!!! Com 15% de milho, maltes pilsen, pale ale e caramunich ! Blend de lúpulos Columbus , Amarillo , Cascade e muito Dry Hopping, exagerada dose de Centennial , todos da nossa fazenda (AB Inbev) nos EUA , muito frescos! São 70 IBU's de alta potência aromática, 6,7% ABV e a ousadia de sempre !! Colocaram milho na Wäls e colocaram milho na IPA !! Wäls, Cerveja Arte !!"
Foto:divulgação
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Mesmo sem ainda estar disponível, esta cerveja certamente vai dar muito o que falar, e aqui ficam os meus pitacos.
Há um mimimi sobre o uso de milho na cerveja que foi muito bem explicado pelo Marcio Beck, no Dois Dedos de Colarinho. Há toda uma crença de que o milho (e outros adjuntos como arroz) seriam um grande vilão no sabor de cervejas, e cervejas artesanais não deveriam utilizá-los, já que comprometeriam o sabor. O milho é muitas vezes utilizado para baratear a produção de cervejas, pois seu custo de produção é bem menor do que cevada ou outros cereais correlatos. Contudo, há um que de mito nisso, conforme explanado pelo Marcio Beck, pois alguns adjuntos (e milho) são amplamente utilizados em cervejas belgas de qualidade, por exemplo.
O verbete sobre milho do Oxford Companion to Beer, um renomado livro/ compêndio cervejeiro, versa que ele é utilizado regularmente em cervejas de massa na proporção de até 20%. No Brasil, adjuntos podem representar até 45% dos ingredientes em uma cerveja.
Contudo, há falta de transparência das indústrias em especificar claramente que o milho é utilizado na fabricação da cerveja, o que gera desconfiança. Geralmente é utilizado o termo genérico cereais não-maltados. Se utilizar milho é tão 'natural', por que não é claramente especificado nos rótulos?
Há um artigo interessante sobre essa questão nos EUA. Clique aqui e veja.
Mas isso não é tudo: uma outra questão pertinente é o uso de milho transgênico sem que essa informação venha estampada nos rótulos. Ou seja, podemos tomar uma bebida com milho geneticamente modificado sem sermos informados corretamente.
Ainda, uma questão que paira no ar é que levaria a Wäls a lançar uma IPA com milho logo em tão pouco tempo após a fusão com a Ambev? Seria apenas uma provocação (apologia?), para comprovar e corroborar o fato de que dá pra fazer cerveja boa (uma IPA!) com milho?
Diante da recente aquisição da Wäls pela Ambev, somos levados a crer que não é uma mera provocação o lançamento dessa IPA com milho. Acredito que tal lançamento vise a tentar desmistificar o uso do milho na cerveja, de fato, mas também é óbvio ululante que a Gigante já está colocando as garrinhas de fora e "interferindo" no processo criativo da Wäls, tentando fazer com que os consumidores de cervejas artesanais aceitem com mais simpatia o uso de milho, mostrando que -talvez- o milho não comprometa o sabor de uma IPA e de quebra economizando uns bons trocados com malte de cevada.
Os 15% de milho que serão utilizados na HopCorn IPA não devem, de fato, comprometer o sabor da cerveja, pois American IPAs geralmente não possuem um corpo robusto, e o milho além de ser mais barato que cevada, geralmente é utilizado para atenuar o corpo (deixar a cerveja mais leve). Ou seja, a HopCorn vai acabar virando uma, licença poética à parte, session IPA(!) de 6,7 % ABV.
Se Ambev/Wäls conseguirá convencer os cervejeiros de que milho é ok, só o tempo dirá. Mas que dá curiosidade de provar essa cerveja, isso dá!
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