Garrafinhazinhas Cracudinhas




Elas tem um apelido peculiar por aqui no RJ: Cracudinha: se alguém souber o porquê me explique, mas chuto por inferência que seja por conta do tamanho e preço diminutos, que fazem com que até um crackudo duro e sem dinheiro possa comprá-las. Elas já também foram chamadas de meinha. São as garrafinhazinhas de 300 ou 310 ml.

Antes do advento da lata, essas garrafinhas foram revolucionárias ao permitirem o consumo de uma porção individual de 300 ml (metade da garrafa de 600ml, daí o nome meinha).

Ultimamente, essas garrafinhas estão se popularizando em cervejas de massa: a Antarctica lançou ( mini Boa), Skol ( Skol One Way) depois, e a Itaipava também, todas teoricamente retornáveis. Uma das explicações marqueteiras que justificam essas garrafinhas para cervejas de massa hoje em dia seria que elas teriam uma quantidade boa do líquido, que não daria tempo da cerveja esquentar antes de ser consumida. Mas elas também estão tomando conta do meio cervejeiro artesanal.


O blog o Mosto Crítico, um dos blogs que me influenciaram bastante a começar o meu por conta de opiniões contundentes, tem um post que versa sobre as garrafinhazinhas. Isso em julho de 2013, antes de aumento dos impostos e disparada do dólar, já era uma tendência os lançamentos nessas diminutas garrafinhazinhas.


O Blog o Mosto Crítico atualmente está inativo, mas há uma vasta gama de postagens pertinentes.

À época do post, cervejeiros e cervejarias responderam que era difícil encontrar alguma fábrica que fizesse as garrafas de 355 ml sem tampas twist-off (que dispensam abridor, mas prejudicam na manutenção da carbonatação), que estaria caindo em desuso, e que pesquisas apontavam para a preferência dos bebedores para garrafas de 300 ml, para que pudessem ser degustadas várias cervejas diferentes na mesma ocasião.


Desde então as artesanais aderiram bastante: A Tupiniquim, a Júpiter, a Serra de Três Pontas, Dortmund, Way, Wäls, Mistura Clássica, Colorado, Cervejaria Urbana, Nacional, Evil Twin Brazil, Bodebrown só pra citar algumas são adeptas desse vasilhame menor de 300 ou 310 ml em algumas de suas cervejas em detrimento dos 355ml.


Os lançamentos recentes das três Bohemias Bela Rosa, Caã-Yari e Jabutipa em garrafas 300 mls (também disponíveis em 600 ml) vieram corroborar essa tendência e me chamaram atenção por serem em garrafinhazinha/ cracudinhas em vez dos tradicionais 355 ml. Diante desse lançamento, cai por terra o argumento de que é difícil encontrar uma fábrica para garrafas de 355 ml, haja vista que Bohemia é da Ambev, que tem várias marcas com garrafas de 355 ml.

Creio que o conteúdo menor de líquido que gera mais lucro, seja a maior justificativa para as garrafinhazinhas cracudinhas. Como disse o Pacheco, pagamos mais por mais vidro. A diferença de 18% entre 300ml e 355 ml pode parecer pequena, mas colocando isso em escala industrial é muito significativo. Mal comparando, a cada 6 garrafas de 300 ml degustadas, se fossem garrafas de 355 ml, teríamos degustado apenas 5. Se o tamanho de 300 ml se justificasse pelo menor preço, tudo bem. Mas, a grosso modo, as cervejas artesanais de 300 ml não custam menos do que as de 355 ml.

O que interpreto também é que o mercado de cervejas artesanais ainda tende para o ‘degustador de uma vez só’ em detrimento daquele que quer comprar uma cerveja para beber no dia a dia. Dependendo do estilo, 300 ou 310 mls são muito pouco. Olhando para as cervejarias do exterior, é mais difícil achar esse formato de vasilhame.

E você, curte uma garrafinhazinha cracudinha?





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